Um dia atípico e o coração transbordando de
sensações que sou incapaz de definir. De repente eu que sempre peco por falar
demais me vejo estranhamente sem palavras.
Houve um momento em minha vida em que eu, pessoa de
fala me calei e me tornei uma pessoa de escrita, mas agora, nem escrever
eu consigo.
E por não saber mais falar e não conseguir
escrever tenho ímpetos de gritar.
Todas minhas projeções, meus desenhos, minha
escrita e até meus suspiros esfacelam-se sem que eu faça a menor ideia de
como consertar.
Abro a boca e digo meia dúzia de palavras, as
respostas que eu tenho não me bastam:
"-Tenha paciência, mantenha a calma, não dê
importância..."
E se eu não tiver paciência, não for nenhum pouco
calma e quiser sim, dar MUITA importância?
Abro mão de me entregar apenas aquilo que me toca a
alma e disfarçada de desentendida, mergulho em superficialidades.
-Você e suas fugas, é o que dizem.
-Vocês e seus dramas, é o que me limito a
responder.
Dentro de mim a razão me acusa de covarde e é dessa
culpa que vem minha vontade de gritar o que tenho aqui do lado de dentro.
Faço-o pela escrita, e em linhas tão confusas e
vomitadas, que mal consigo ver sentido nesses
"vômitos-gritos-sentimentos-linhas".
No peito, o coração insiste em bater descompassado,
em ritmo nenhum, desafinado.
Luto para emergir do meu mar de superficialidade,
insisto em sobreviver, o que por hora haverá de bastar.
Agarro-me em certezas ínfimas: a dor e a
confusão só vem pra gente lembrar da força e entendimento que há dentro de nós.
As respostas estão "in", nunca "out".
Desisto dos entendimentos inúteis. Deixo de ser, permaneço apenas humana.
De nada adianta mente tranquila para quem tem
coração que nasceu pra sambar.
Humano Demasiado Humano-Friedrich Nietzsche*
Como se ser humana pudesse ser apenas!
ResponderExcluirrss...
que lindo, Jaque!
Sim Jaqueline, as respostas de que precisamos sempre estão dentro de nós mesmos, nunca fora. E é por isso que te senti através desse texto. Humana demasiada humana, que pensa demais, escreve lindamente e sente em demasia.
ResponderExcluirParabéns!