sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Das preguiças da alma

Das minhas manias mais absurdas, mergulhar em mares de silencio é uma das piores.

De tempos em tempos como se esse mundo não me bastasse, eu entro no meu mundo particular onde pouquíssimas pessoas tem convite e acesso.

São épocas em que a preguiça me faz refém. Não, não falo da preguiça do corpo, dessa que com se cura com banho quente e cama, alimento preguiças na alma, elas me afligem e não conhecem muito bem o significado da palavra tolerância.

Aflição sem diagnóstico, cura, muito menos.

Preguiça desse mundo cheio de humanos chatos. Chatos, mas inteligentes, descolados e modernos como você jamais poderiam imaginar.

Quando foi que a vida virou esse "Paraguai", onde os sentimentos são tão baratos e ainda se pechincha mais?

Tempos de corpos cheios de silicone e almas vazias.

De onde surgiu essa obrigação de ser perfeito, simétrico e, obrigatoriamente, ter opinião sobre tudo?

Não sei se estou envelhecendo, nasci na época errada, ou sou mesmo muito burra, mas sinto saudades de quando as pessoas eram consideradas especiais pelo que elas eram e não pela quantidade de seguidores ou "amigos" que ela tinha, sinto falta de saber de histórias de amor e de conquista. De quando estar apaixonado era bonito, e não brega.

De onde surgiu isso que "o melhor amigo tem um melhor amigo que tem um melhor amigo" e você não pode confiar nem no seu melhor amigo?

Que mundo é esse onde as conquistas são regadas com tanto álcool que a ressaca é sempre com gosto de "Alguém sabe quem eu peguei ontem? Eu não lembro, não vi, não sei".

Onde as pessoas arrumam tanto tempo e paciência pra viver só pra impressionar os outros?

Cadê delicadeza, entrega, intensidade, amor?

-Aliás, por onde andará o amor?-

Talvez eu não me encaixe nesse mundo, porque meu mundo é feito de sorrisos sinceros, paixões arrebatadoras e amores intensos, ainda que não eternos.  Troco essa gente moderna e perfeitamente simétrica, por gente normal de coração simples e amor nos olhos.

Minha alma boceja com tanta modernidade. Sofro de preguiça crônica desse mundo de beleza comprada, pessoas superficiais e o dinheiro e o poder cada vez mais tirando a "graça" das coisas

– É tudo tão fácil mesmo.

Aí de mim, que padeço de preguiças agudas, crônicas e lancinantes de tanta modernidade e não sei se isso é sentir demais ou sentir nada.

Passa? Demora, será?