quarta-feira, 17 de abril de 2013

Ausências são amargas - Das cartas não enviadas

Ontem pensei em você o dia inteiro, e não que eu não pense todos os dias, mas me assusto quando a tua imagem me acompanha o tempo todo, mesmo depois de ter se passado quase uma vida inteira.

Andei procurando vestígios de você na internet, em dois minutos tinha uma foto sua salva no meu celular,  ver teu sorriso sincero e distante me dilacerou o coração.

Paro no semáforo, vejo teus olhos no motorista do carro atrás de mim. Talvez eu esteja enlouquecendo. No rádio Nando Reis: "Agora eu sei que até mesmo um grande amor pode não bastar, aprendi com você que no dia a dia um grande amor abrange sonho e vida real".

Nando Reis, cala a boca por favor.  

Talvez esse tenha sido o aprendizado mais sofrido de toda minha vida: Amar não é tudo.

-A gente precisa estudar, trabalhar, cuidar da família, pensar no que é melhor para quem está ao nosso redor, amor? Se der a gente ama, senão, foda-se o amor.

Mas em alguns dias o amor resolve questionar essas  escolhas, então quando você menos espera ele vem e te dá um jab no queixo, faz o teu mundo girar, e quando você  tenta se recuperar  ele ataca novamente, dessa vez com um mata leão, te sufoca e  por muito pouco não te leva a nocaute.

Eu nem sei quando aconteceu, mas me tornei uma dessas pessoas que respiram pressa cotidiana, sempre muito ocupada, sempre correndo, - sempre fugindo -  mas se eu tirar um cochilo de quinze minutos  dentro do carro, no estacionamento da faculdade, e eu tiver um sonho, será com você. Ontem foi assim, e não bastasse você aparecer no meu cochilo da tarde,  a noite eu sonhei com o sonho do sonho. Talvez eu esteja enlouquecendo(2).

Nos sonhos você sempre aparece sorrindo pra mim. E veja você, sou dessas pessoas bobinhas que acreditam naquela historia de que quando você sonha com alguém é porque a alma dessa pessoa veio visitar a sua.

Será, será, será?

Tua foto no celular, não reconheço mais o teu olhar. E pensar que eu já habitei seus olhos.  Quanto nada é preciso até se preencher todo um vazio?

"Quem desejaria que outro alguém além do seu amor pra sua dor fosse remédio?"

Sujeito insistente o tal do Nando Reis.

"Eu quero te dizer que mudei"

Lembra quando eu te dizia que se um dia tudo acabasse e restassem apenas dúvidas, eu talvez jamais fosse capaz de amar outra vez? Maldita profecia.

Gostaria de me encher de uma rebeldia que não tenho, te procurar, gritar, te fazer me dizer:

Foi tudo mentira? Você pensa em mim? Você também sonha comigo?

Isso bastaria, não precisa me ver, não precisa me ligar, não precisa nem me amar, basta apenas que me liberte desse amor que meu coração burro insiste em manter cativo. Me diga que foi verdade, e então talvez eu possa acreditar que um dia poderá acontecer outra vez em outra vida, outro lugar com outra pessoa.

Talvez até você me deva isso, porque mudou minha vida pra sempre, muito embora talvez nem se dê conta disso, e também porque está de posse de um espaço que é meu.

CACETE!

Dá pra apenas me devolver a parte de mim que você levou quando foi embora?

Sinto sua falta todos os dias da minha vida, em alguns dias  essa falta se fantasia de lágrimas e escorre pelos meus olhos.

SINTO SUA FALTA. Não há explicações.

Nando Reis finalmente calou a boca, em seu lugar tem alguém cantando que "Depois de você os outros são os outros e só",  de uma forma triste, concluo que não, não são os outros e só: Depois de você, eu sou outra. E só.




2 comentários:

  1. adorei, adorei

    especialmente o final!

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  2. alem dos pesares ,essas mudanças sempre nos deixam melhor...
    gostei do q li
    parabéns!!

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